Como se fosse da família

Ela é como se fosse da família, uma quase irmã, uma quase mãe, uma quase tia, uma quase pessoa. Entendam a linha tênue entre ser e quase ser. E por quase ser, ela não era. Não era família, não era irmã, não era mãe, não era tia e sobretudo não pessoa e nem cidadã. A quase pessoa não tinha RG, não tinha CPF, não tinha nome. A única coisa que ela tinha e não tem mais é sua juventude, sua vitalidade, sua força de trabalho roubada por anos a fio. Mas coitadinho do pobre desembargador sendo duramente julgado, por ter em casa, por anos, sem salário, sem direitos e trabalhando; uma quase pessoa.