Inocência

Quando foi que perdi minha inocência?

Quando deixei de acreditar que o mundo é perfeito e as pessoas são confiáveis?

Na infância ao me decepcionar pela primeira vez com pessoas que julgava perfeitas?

Terá sido ainda criança, na primeira injustiça que doeu fundo?

Ou ao perceber que certas pessoas pedem sua lealdade e depois traem sem dó?

Na escola quando percebi que nem todos são amigos?

Na adolescência ao sentir a primeira paixão e perceber muitos são falsos?

Ou no trabalho ao perceber que quem se faz de amigo pode puxar seu tapete?

Ao crer cegamente que alguém queria mudar o mundo e ver que era só de um impostor?

Ao amar, confiar e depois descobrir uma traição sórdida?

Ou ao perceber que por mais que se faça por alguém ela pode retribuir com ingratidão?

Talvez a cada decepção, tristeza, realidade cruel tenha caído um pouco a inocência.

Os olhos da alma se abrem para conhecer o mundo e suas mazelas.

E choram…

Depois se recolhem em busca de defesas e cura para suas feridas.

E ao se abrirem novamente enxergam a realidade e sabem se defender.

Inocência, a capacidade de acreditar, de confiar, de ser sincero, de se entregar.

A essência do inocente não muda.

Segue seu curso assumindo a própria responsabilidade pelas perdas.

O que muda é a capacidade de se defender, de se preservar, de conhecer o outro.

O que muda é a capacidade de discernir entre o bem e o mal e não se machucar.

Mas o mal não seria o que resta a quem foi tirada a inocência e se perdeu do amor?

 

(Trata-se de um pensamento que pode ser verdade para muitos)

 

Nádia Gonçalves
Enviado por Nádia Gonçalves em 09/07/2023
Código do texto: T7832665
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