Os Ventos de Júpiter

Era uma daquelas noites tempestuosas como as de Júpiter. Sempre me disseram sobre o vento e seus poderes, mesmo que ninguém consiga explicar muito bem como eu, vento, nascera de uma família tão presa à terra…

O vento é incontrolável, diziam.

O vento é inconstante, explicavam.

O vento é perigoso, afirmavam.

Mas o vento é uma linha, ou melhor, uma corda, não, melhor ainda, uma teia de uma aranha, leve, fluida, resistente e se você não tomar cuidado, a aranha sente que prendeu algo e aplica seu veneno, para tranquilamente voltar para seu local de descanso.

Quando você compreende isso, o padrão na inconstância se torna visível, o perigoso se transforma em belo, e o incontrolável, ah, o incontrolável, agora é você.

Os pássaros já perceberam isso antes mesmo de saírem de seus ninhos, cabe a nós nos permitirmos ao descontrole e à leveza.

Sejamos pássaros, aranhas, incontroláveis, inconstantes, sejamos ventos, furacões, tornados, brisas ou até suspiros, que assim seremos perigosos, perigosos para aqueles que não estão preparados para a teia da aranha.

Fernando Mazetti
Enviado por Fernando Mazetti em 24/07/2023
Reeditado em 28/07/2023
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