Sapiens, sapiens

um bicho

desde as

entranhas

tecido,

forjado

na selva

azul do

universo,

sonhou-se

gato, galo

cavalo,

mas viu-se

homem

ouviu do

azul aberto

do espaço

o estalo,

da culatra

estelar,

o escárnio

sideral de

sua pequenez

vez por outra

a infinitude

gargalha

em seus

desígnios

do barro

fez-se carne

obscura,

mormente humana

mão nebulosa,

coração caótico

em polvorosa

o fosso,

o muro

e o furo

moldaram

a amargura

escuro,

sempre mais,

tal escuridão

perdura

criatura

que busca

além do véu,

claridade

embaçada,

um réu-cúmplice

que lhe esclareça

a quase verdade

de coisa nenhuma

clara, mas não

clara como água

ou leve bruma

que se assuma

opaca,

ainda que ferida

à faca, não vence,

ou seja, apenas

empata a peleja

o buraco,

abismo

negro,

pisca

e faísca

em alegria

gasosa

flatula notas

de flores

e fezes

retém

no peito

o catarro

cósmico

do rancor

pelos

malfeitos

perdido

em tantos

pontos,

em tantos

grãos

oh, sapiens,

sapiens

homo-item

facultativo,

aglomerado

de veias

e falsas

impressões

de si

a boca

do teu corpo

não basta

tua crina

lustrosa

e racional

teu nome

confuso

de medo

e desejo

gira, sim

entre o

diz-que-diz

da imensidão,

da perfeição

imaginada

e jamais

tocada

é desejável

teu aceite,

tua chancela

Felix Ventura
Enviado por Felix Ventura em 27/07/2023
Código do texto: T7847336
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