Você tem fome e sede de quê?

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas. Vivemos em um país sem ordem, sem progresso e sem a Graça. Onde tem pobres morando nas ruas e praças. Em Colatina temos lugares, raiz. Um deles é o vilarejo de Maria Ortiz. Que sofre por ver a comunidade infeliz! O grito é pela justiça, é a voz do povo que diz! O trem da Vale que corre veloz, com o barulho que faz, em casa não se ouve nossa voz. Vidas ceifadas nos trilhos malditos, será que ninguém pode ouvir nossos gritos? Vida em primeiro lugar para o povo que tem fome! Você tem sede e fome de quê? Fome de respeito e igualdade, sede de trabalho e justiça, fome de direito de viver! Sede de ver as águas do Rio Doce limpas para beber, de ver nelas a vida renascer! Temos direitos a ter saneamento básico, saúde e lazer. E entusiasmados podermos cantar o nosso hino, quando o dia da Paz renascer! Um grito pela fome do pescador que amanhece no leito do rio e volta para casa sem peixes com o cesto vazio. Era 5 de novembro, 15h, um estrondo, um grito de morte pairava no ar. Iniciava a morte do Rio Doce com destino à Regência ao encontro do mar. Em Mariana, pessoas morriam na lama da barragem. Onde está a justiça? Que a ninguém conseguiu prender, nem da Vale, nem da BHP! Um grito pela Paz se faz necessário. Então gritemos, mesmo não sendo fariseus, rezemos o nosso grito aqui nesta praça, para escutarem nossa voz que ecoa por justiça, liberdade, igualdade, paz e fraternidade. Portanto, grito eu, grite você, gritemos nós, que ninguém cale a nossa voz, então que se cumpra a profecia, que as pedras gritem por nós. Com Francisco, gritemos pelos três “T”: Terra, Teto e Trabalho! Chega de ver o povo escravizado, mas que sejamos organizados. Você tem sede e fome de quê? Que nenhuma pessoa fique sem ter comida no prato! Que ninguém fique sem lugar para morar e orar, o templo sagrado que é o nosso lar. O asfalto e o cimento constrói o progresso, mas, porque negam o nosso direito à saúde e saneamento? Gritemos por aqueles que disputam as marquises para dormir, também pelos lavradores e os operários que não tem seus direitos respeitados. Pela juventude escravizada e sem instrução, perdida sem rumo nesta nação. Hoje o grito é por todos nós, somos todos atingidos! Depois de 8 anos do crime acontecido, nada foi feito em prol da ecologia e do rio. Grito, pelas irmãs trabalhadoras, que são operárias e mães também, que se saem de casa, o filho chora, e se ficam, o pão não vem. Grito, pelos impostos que pagamos que deviam ser para a vida melhorar, mas, em Maria Ortiz, não tem doutor e nem posto, porque o que tinham, fechado está. Gritemos pelas mulheres, negras, loiras, brancas, morenas e mulatas, as “Marias” cheias de fé, que trabalham fora, cuidam dos filhos, e na Igreja, tem a missão de anunciar Jesus de Nazaré. Entoemos um grito de misericórdia por todas as mesas sem pão: Rasguemos nossos corações! Agora, sem voz para gritar, vamos terminar, e os Direitos dos excluídos (as), coloquemos aqui no altar, para o Senhor abençoar.

Ledesmar José Walger. 7/9/2023

Ledesmar José Walger
Enviado por Ledesmar José Walger em 08/09/2023
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