CORAÇÃO ARDIDO

Tal a massa de grãos no interior do silo

O magma escarlate a esculpir a ilha

O coração do poeta arde, flameja e sangra.

Ao zarpar da nau exposta em cais

Com velas em ebulição, dissemina o caos.

A aplasia bebe da multidão os aplausos

Diretos, anestésicos e narcóticos

O dia se ajeita entre os ossos.

Tem-se o castiçal, a aldrava e as teias - cheias!

Mas não há plasma a singrar nas veias

Subitamente, o silêncio ceifa a esperança.

Através da noite, surge o morcego obeso

Com a cara desfigurada, de gastas presas

A revelar tão recôndito adágio.

A nevralgia se estende, alastra-se, adentra o esquife

Sorriso prásino a enternecer a solitude

Os vermes esquipáticos nutrem-se da carne tenra.

Já não há mais vida!

Já se olvidara tudo sobre o nada...

Há o limo espesso, pegajoso e brincalhão

Um brinde ao rigor mortis!

A eternidade o aguarda.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 10/09/2023
Reeditado em 11/09/2023
Código do texto: T7882179
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.