À MINHA ANA
Entorpecimento, analgesia
As bocas sangram liras
Epopeia.
De todas as horas as quais ganho "dez"
E sua tez a procurar honrada vez
De se esculpir à minha.
Há o perfume... Indescritível!
Ah, o perfume!
Singelo e arrebatador.
Encantamento de largo sorriso
A lamentar pelos cantos, purgando
As batidas descompassadas da ausência.
Houvera o coração a salpicar o meu
Tivera o néctar no preciso gesto
A me estarrecer de resto
Ou o pouco que presto nas noites sem ti.
Musa minha, vida plena!
Estarei assaz emparelhado à alma sua
Sempre no dobrar dos sinos
Nas auroras de noites cálidas
Na falência dos corpos.
Meu amor...
Tal ventura me adotou
Em moldes de eternidade
Às preces ininterruptas do cosmos.
A suspirar, a latejar
A se inflamar... Espumando.
Conquanto haja tempo - e há!
Da semente ao gozar dos frutos
Ternos, tenros e brutalmente saborosos.
Ingira o sentimento mais profundo
Ao qual se vê nas sombras...
Sem onda, sem sobras
Hermético como nosso encaixe
E incomensurável como o mar.
Jamais privar-me-ei de lhe amar!