À MINHA ANA

Entorpecimento, analgesia

As bocas sangram liras

Epopeia.

De todas as horas as quais ganho "dez"

E sua tez a procurar honrada vez

De se esculpir à minha.

Há o perfume... Indescritível!

Ah, o perfume!

Singelo e arrebatador.

Encantamento de largo sorriso

A lamentar pelos cantos, purgando

As batidas descompassadas da ausência.

Houvera o coração a salpicar o meu

Tivera o néctar no preciso gesto

A me estarrecer de resto

Ou o pouco que presto nas noites sem ti.

Musa minha, vida plena!

Estarei assaz emparelhado à alma sua

Sempre no dobrar dos sinos

Nas auroras de noites cálidas

Na falência dos corpos.

Meu amor...

Tal ventura me adotou

Em moldes de eternidade

Às preces ininterruptas do cosmos.

A suspirar, a latejar

A se inflamar... Espumando.

Conquanto haja tempo - e há!

Da semente ao gozar dos frutos

Ternos, tenros e brutalmente saborosos.

Ingira o sentimento mais profundo

Ao qual se vê nas sombras...

Sem onda, sem sobras

Hermético como nosso encaixe

E incomensurável como o mar.

Jamais privar-me-ei de lhe amar!

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 28/09/2023
Reeditado em 28/09/2023
Código do texto: T7896475
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