Fantasma
Há muito tempo que eu não a via. Eu estranhei de início, quase nem reconheci, tomei um susto, confesso.
Estava meio diferente, um semblante cansado, meio apagado. Seria maldoso pensar que estava um tanto acabada, mal cuidada, precisando de uns cremes.
Mas ainda assim era ela. E eu fiquei feliz em vê-la. Meu coração explodiu de felicidade, apesar de bater um calafrio, ainda me recuperando de tê-la revisto.
Com muito cuidado, me aproximei e olhei bem de perto. A mecha única caindo sobre o olho esquerdo era tão assustadoramente familiar, que doía. O penteado tão comum que tinha se tornado tão incomum.
Se era tão comum, onde estava todo esse tempo? Por qual motivo sumiu? Por onde esteve? O que fez da vida? Eu não tinha as respostas. Tentei em vão arrancar.
Mas apesar de não ter resultado, tentei me concentrar no fato de ter conseguido retornar. Tanto tempo passou-se e ela estava ali, de volta, diante de mim.
Então olhei atentamente o reflexo, com muita coragem e a encarei.
Era eu.
Eu voltei.