Cogito
Hoje, vejo uma senhora passear o cão à distância.
Então ela está a procura de nozes no chão, entre aquilo que só vejo ser cascas de nozes podres abertas e folhas castanhas molhadas da chuva.
Eu só posso sentir nojo.
Passo por ela e pelo cão. De fato, algumas nozes estão intactas dentro de sua casca.
A selvagem, paleoliticamente, parte-as na quina do muro.
Talvez ela estivesse a redescobrir sua infância.
Talvez toda a sua vida ela tivesse passado no estrangeiro, sem noz.
Eu, pelo menos.