A Casa da Estação
A Casa da Estação
Há um poema de Adélia Prado que me lembra a casa da estação onde passei a minha infância, junto com meus quatro primeiros irmãos.
Parecia que estava "sempre amanhecendo", naquele lar, pelo sol inundado, como no poema de Adélia Prado.
Meu pai era ferroviário e as casas da Leste Brasileiro (VFFLB), tinham paredes amarelas com portas e janelas vermelhas, cobertas por telhas vãs.
Nas manhãs, o sol penetrava, clareando toda a sala. Minha mãe abria as janelas e o cheiro do hortelã que ela cultivava, exalava juntando-se ao das roseiras, trepadeiras e jasmins que balançavam com o valsar da brisa, e o canto do vento, no jardim.
Na área lateral da casa, meu pai armou uma gangorra e um balanço para os filhos em geral, mas nós gostávamos mesmo, era de subir no araçazeiro e comer goiaba verde que tinha no quintal... um pomar, coberto de frutas: maçã, romã... Havia, até, um pé de alumã...
A gente acordava com o cheirinho do café vindo da cozinha, onde Mainha, prenha, acendia o fogão à lenha e preparava a refeição matinal, enquanto painho lia o jornal, depois de comprar o pão quentinho, estava pronto pra trabalhar de terno e quepe branquinhos... Não sem antes, nos levar à escolinha, onde de mãos dadas, ficava curiosa às letras nos muros e paredes do caminho...
Enquanto mainha, no seu labor, inventava mil coisas para o seu dia.
Ele era telegrafista. Conhecia todo o Código Morse. Meu pai, era como se fosse, um gênio, nosso herói...
Minha mãe... Ah.... minha mãe... era idealista, altruísta... Não é questão de rima. Era quase uma menina, e cheia de disciplina. Foi a minha maior educadora. Com ela aprendi o bê-a-bá, a contar, a declamar...
Ah... Meus Pais...
A Casa da Estação
Lembranças de uma infância
Cheia de lições...
(bmh@/20 /02 /2020)