ESCRITO 28

ESCRITO 28

Dentro do quarto escuro a 100 por hora eu me levanto.

Cama vazia.

Dia cinza.

No espelho eu vejo a tua boca.

E como alguém que diz BOM DIA ela sorri para mim.

Batom vermelho.

Sangue.

Tudo em volta está deserto.

O teto.

Mudo as coisas do lugar.

Chamo o teu nome.

E o vazio me diz não tem volta.

Tantas noites não durmo.

Rolo na cama.

Desligo a TV.

O rádio.

E tudo me remete inexplicavelmente ao CINZA.

Cheiro o vazio.

E nas entranhas eu me perco de tudo que foi teu.

Rabisco o teu nome no ar.

Xingo avemarias para ver se me acalmo.

Fico alucinado.

No rádio toca uma canção.

Uma velha canção rock’in’roll.

BEATLES.

Something in the way she moves.

E o quadro mais bonito é a televisão sem som.

Muda.

Volto ao espelho.

A boca.

Volto a tudo ao mesmo tempo.

E desde que me conheço acho que mereço.

Ter calmaria.

Loucos me chamam pelas ruas.

Embriago-me pelos cheiros diversos.

Você me dizia o que fazer.

Mas nunca aonde eu devia ir.

EU só queria estar ali.

E o tédio da alma em ti era o bastante.

CINZA.

ginaldo
Enviado por ginaldo em 04/11/2023
Código do texto: T7924589
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