Mais Sobre Ela...
 
A mente desperta prenhe de palavras depois de mais uma noite quente. A tal “onda de calor” que nos assola nesse final do ano de 2023, marcado por inumeráveis relevantes fatos, soma mais este evento à quantidade de acontecimentos originados por ações da Natureza e/ou do homem. A intenção era escrever uma poesia, mas o estado de alerta predomina e a imaginação bloqueia o parto de versos, pois tudo se mistura, impossibilitando o nascimento de qualquer poema.

Do lado leste da minha janela sinto a brisa que, por uma trégua dela - a Natureza, me chega em aromas da maresia. Do lado oeste, os morros ainda se mostram molhados pelo presente recebido - uma garoa que perdurou por toda a noite. Ao norte, felizmente ainda livre de construções altas, posso contemplar as gaivotas no céu nublado, o cinza ansiado por vários dias, com a esperança da chegada de temperaturas amenas.

É feriado e o silêncio reina nas ruas. Talvez, preocupados com uma possível tempestade, todos optaram pela reclusão. Ou apenas tentam se curar da ressaca resultante da exaustão ocasionada pelo calor dos últimos dias. As árvores, antes se mostrando imóveis como esculturas, voltam a farfalhar suas folhas numa dança ainda tímida e as poças d’água sobre o teto da baixa construção em frente, tremulam em suavidades com a mesma brisa que me alcança.

A sensação é de alívio, mesmo o sabendo instável, pois as previsões - ditadas pelo homem, podem não corresponder às necessidades de manifestação da revolta da Terra, pelo tratamento que vem recebendo.

Estamos sendo descuidados. Andamos negando o imensurável valor da vida, maltratando o que nos sustenta... de vida.
 
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Foto: Marise Castro



 
Marise Castro
Enviado por Marise Castro em 20/11/2023
Código do texto: T7936242
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