Rio Bezerra: Há Tempos Grita Por Socorro

Por Nemilson Vieira de Morais (*)

Veja só que horrores...

Ainda continuo com as minhas feridas abertas, expostas. Com insuportáveis odores...

Em tristes ais,

adoecido pela carga que, volta e meia recebo, de dejetos minerais.

Com necrose, na maior parte do meu corpo hídrico, nem assim desisto de viver, e de vocês (criaturas irracionais; e, racionais, criadores de problemas).

Só existo para fazer o bem, e não convém ser d'outra maneira. Assim é que sou.

Não devo ser impedida abrupta e covardemente dessa missão sublime, sagrada de servir: de encher o mundo de beleza e vida... humana, animal, vegetal...

Agonizo inssessantemente no meu leito de dor; danosamente assoreado, contaminado quase sem dar-me passagem; tudo isso pela ganância... de Campos Belos ao Rio Paranã — Vão do Moleque, não sirvo mais (nas minhas utilidades).

Esperneio num aguardo de um atendimento humanizado aos meus males de saúde... Não deixo de falar, desabafar, esbravejar, gritar por socorro aos homens de boa vontade...

— Eu tenho 2 amores: Campos Belos, Goiás; e Arraias, Tocantins.

Dependem dos meus favores;

se não denunciarem o que fazem meus agressores, encherão de temores.

Façam por mim, o que tenho feito por vós...

Desculpem a minha franqueza, senhores:

... Antes, tivesse somente um amante, um bem-querer de um bondoso coração; que não deixasse eu morrer sem uma justa e sustentável intervenção. — Rio Bezerra

Quem tanto gerou vida, vigor e riqueza...

— como o Rio Bezerra, há mais de uma década sobrevive perambulando com um 'Pires na mão', a implorar por bem estar. Para compartilhar com o restante da Criação.

Às causas, de tanta peregrinação por proteção, de um rio, que agoniza sem oxigênio para respirar... são várias.

... A maior delas resulta da MINERAÇÃO — instalada e operando em sua bacia hidrográfica.

*Nemilson Vieira de Morais,

Gestor Ambiental, Acadêmico Literário/ANELCA & ALB/MG/RMBH (20:12:23)