Viagem Em Barco De Papel

 

Quando criança, nos dias de chuva gostava de fazer barcos de papel e colocá-los a navegar no canto da calçada de casa, ou da rua. Aos poucos, os barquinhos feitos de folhas de caderno ou jornal, superavam os obstáculos. Observava com curiosidade a forma com que eles venciam na “correnteza”, pedrinhas e pequenos galhos de árvores...

 

Em sua curta viagem os barcos de papel iam se desmontando, perdendo as cores vermelhas e azuis com as quais desenhava as escotilhas. Assim como, os pequenos barcos modificam-se, devido a sua fragilidade, muitas pessoas transformam-se ao longo da vida, resultado em parte, das decepções, perdas e despedidas a que são submetidas.

 

A fragilidade dos seres pode ser percebida em seus olhos, através de lágrimas ou um olhar sem esperanças, e em seus gestos ou postura que refletem desânimo, tristeza e a temida depressão. Dependendo da situação, e da sensibilidade, a alma e o coração da pessoa ficam fragmentados, lembrando uma delicada taça de cristal que, ao ser quebrada em inúmeros pedacinhos, perde a unidade, o equilíbrio e brilho... Já me senti assim.

 

Há muita reflexão e beleza na fragilidade. A primeira, porque nos faz refletir sobre a importância de valorizar cada segundo de vida, a segunda, porque nos faz demonstrar emoções sem a proteção de máscaras. Como não admirar a fragilidade e beleza contida na suavidade de um beija-flor, na pétala de uma rosa, de uma violeta ou no colorido das folhas de outono?

 

. Sobre as fotos são especiais: a de cabelos curtos, novembro de 2017, tirei quando meus cabelos voltaram a crescer, depois de ter ficado careca, devido a seis meses, de quimioterapia que fiz no início de 2017. E a foto deste ano, dezembro de 2023, com os cabelos crescidos faz parte da alegria com a recuperação de mais uma cirurgia de reconstrução das mamas, que fiz mês passado. As duas fotos lembram momentos de fragilidade e ao mesmo tempo de continuar a agradecendo a Deus, por mais um dia e um ano de Vida...