Suas Mãos

Se em um tempo distante as coisas vis consumirem os brilhantes raios de nosso sol, saibas que nesses dias será a minha pele, e não a sua, que será queimada. Porque quando os primeiros desses novos e malignos lampejos descerem a superfície, minha mão estará sobre a sua, cobrindo sua delicada tez. E enquanto nada for feito para te ver definitivamente protegida – e eternamente livre -, minha mão estará lá. Intransponível. Achas hoje que tenho medo da dor, mais se lembre. Essa é, perto dos outros afetos, a que menos incomoda um coração aflito. E saiba que enquanto a carne do meu ser for brutalmente consumida por esses dias vindouros, estarei eu pagando pecados, tantos que são incontáveis, todos cometidos por não me deixar guiar por minha verdadeira estrela. Suas mãos.