ESCRITO 36

ESCRITO 36

(Para T...)

Depois de finalizar o livro Morte em Veneza...,

eu fechei os olhos. Não sei se de prazer ou encanto. Desencanto com a beleza. Ao abri-los dei cara com você. ELE vinha sem muita conversa. Sem muito explicar. Vinha. Imediatamente como paralisado, entendi a paixão de Gustav Von Aschenbach por Tadzo. A alquimia dos desejos. Diante de mim via uma das coisas mais lindas da natureza. O belo que fere a alma sem sentido algum. E o encanto ficou mais intensificado, porque o que eu via era capaz de enganar até o coração inabitado de Narciso. Não sei o seu nome. Mas, a vontade era de gritar qualquer nome. Talvez não haja nome para descrever tanta beleza. Talvez seja preciso que eu crie um neologismo, só para expressar a tua beleza em mim. Ou quem sabe ir de encontro ao abismo maior que nos separa e romper com as barreiras ocultas. Paralisado eu fico. Porque o medo era absurdamente também belo. Tinha medo de perder o encanto. Medo de estar diante de ti. Nada nos oprime tanto quanto a insegurança de saber que você não é tão belo quanto ELE. Vem, meu menino vadio. Vem sem fantasia. Vem que da noite para o dia, talvez eu possa te dizer: Vem que eu te quero todo meu,

TADZO.

ginaldo
Enviado por ginaldo em 08/02/2024
Código do texto: T7994952
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