Perguntas quem sou?

Respondo: procuro-me

Ao abrir os olhos,

Vejo-me dissolver,

E o tempo suga ferozmente

Cada parte deste espaço

Que desaparecerá.

 

Amontoaste futilidades

Que de nada servirão.

O tempo corrói e consome

Qualquer superficialidade

Que tentas agarrar com as mãos.

Deus assim o fez

Desde o princípio.

Chamaste-me

Para a Casa de Espinhos.

Atendi ao meu Senhor,

Andei pausadamente

Nesta noite fria

E intensa escuridão.

 

Que não se engane:

O tesouro é a solidão,

O vento gelado

Acomodou-se na pele

Como um manto de seda,

E as lágrimas

Lavaram a terra e as pedras,

Limpando o entulho acumulado

Dentro da outra casa secreta.

 

Quisera eu

Aproveitar da escuridão

Que me permitiste viver,

Moldar-me a cada instante

Na bendita polidez da alma.

Pudesse eu

Suportar as pedras

Entaladas na garganta,

Até que se dissolvessem

No momento oportuno.

 

Faria do silêncio

Minha fortificação,

E da espera a virtude.

 

Se sou,

Terei de ser

Na incompletude,

Ser o que é,

Viver a essência

Que me faz estar

Sendo aqui.

Anti Now Brasil
Enviado por Anti Now Brasil em 19/02/2024
Reeditado em 19/02/2024
Código do texto: T8002047
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