O Estranho Jogo do Ferimento

(20/02/2018)

 

 

 

Elas sabiam o que e o quanto doía em cada uma, a dor de um momento ou a dor de um longo tempo, dos gritos e das rupturas.

 

Por vezes se compadeciam, da dor ou do amor que sentiam, e se amavam. 

 

Gritavam por compaixão.

 

Mas estranhamente, 

dia após dia, 

jogadas furtivas, cruéis, ferinas, de gestos e palavras, 

de abraços ausentes 

e silêncios  molhados, 

surgiam, 

como se necessárias para manter aquele amor compadecido.

 

Assim,

se feriam, 

se laceravam,

e  se compadeciam,

até que um lampejo,

um clarão,

um simples grito de amor,

as atingisse.

 

Então, 

espelhadas em seus olhos turvados, 

envoltas pelo cordão derrotado de todos os seus jogos,  

 

Assim como eu, espectador e jamais juiz das tristes contendas,

 

Adormeciam.