A SOMBRA

Eu procuro andar sozinho

Sem pôr os pés no chão

Elevo-me nos meus braços

Que até a própria sombra

Não tem mais não

Afago os meus rastros

A minha sombra

Já não mais existe

Fico no silêncio

Mesmo no barulho

Do cantar dos insetos

Num zum-zum das muriçocas

Ao redor dos meus ouvidos

Durmo angustiado

Com a sobrevivência deste ser

Porque na madrugada

De sangue, vai se abastecer

Acordo numa manhã

A procura de alguém

Me acho adormecido

Mas na verdade, a solidão,

É quem me mantém

Vivo e me acalento, no meu inteiro ambiente

Ao redor das multidões

Conciso na realidade

Contento-me sozinho,

Sem rastro, Sem sombra.

borgesmilagres
Enviado por borgesmilagres em 06/01/2008
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