A SOMBRA
Eu procuro andar sozinho
Sem pôr os pés no chão
Elevo-me nos meus braços
Que até a própria sombra
Não tem mais não
Afago os meus rastros
A minha sombra
Já não mais existe
Fico no silêncio
Mesmo no barulho
Do cantar dos insetos
Num zum-zum das muriçocas
Ao redor dos meus ouvidos
Durmo angustiado
Com a sobrevivência deste ser
Porque na madrugada
De sangue, vai se abastecer
Acordo numa manhã
A procura de alguém
Me acho adormecido
Mas na verdade, a solidão,
É quem me mantém
Vivo e me acalento, no meu inteiro ambiente
Ao redor das multidões
Conciso na realidade
Contento-me sozinho,
Sem rastro, Sem sombra.