Eliana
Eliana, você voltou por uma noite
Não me disse onde esteve
nem em quais braços se abrigou
Voltou porque sabia que eu
te esperava como sempre
feito um cão abandonado que
apanha
chora
uiva
e nunca perde a esperança
Eu te quero, você disse
Como todo pedido seu é uma ordem
te dei abraços e um colo
dei ouvidos e razão
te dei beijos isentos de mágoa
fiz oral com lágrimas
(não houve pena pós orgasmo. sim, você é cruel)
Então dormimos:
você nos braços do homem que te ama
eu acoplado ao corpo de uma estranha
nova estranha
repleta de hematomas conquistados
no útero infértil da esbórnia.
Você se foi ao romper da aurora
fugindo entre o suposto descuido do
meu sono
silenciando a porta indiscreta
Antes, eu ouvi a ligação:
frases canhestras de um caráter vil
que clamava por perdão
Eu não estava dormindo
fingia sonhar
mas tive medo de acordar.