Eliana

Eliana, você voltou por uma noite

Não me disse onde esteve

nem em quais braços se abrigou

Voltou porque sabia que eu

te esperava como sempre

feito um cão abandonado que

apanha

chora

uiva

e nunca perde a esperança

Eu te quero, você disse

Como todo pedido seu é uma ordem

te dei abraços e um colo

dei ouvidos e razão

te dei beijos isentos de mágoa

fiz oral com lágrimas

(não houve pena pós orgasmo. sim, você é cruel)

Então dormimos:

você nos braços do homem que te ama

eu acoplado ao corpo de uma estranha

nova estranha

repleta de hematomas conquistados

no útero infértil da esbórnia.

Você se foi ao romper da aurora

fugindo entre o suposto descuido do

meu sono

silenciando a porta indiscreta

Antes, eu ouvi a ligação:

frases canhestras de um caráter vil

que clamava por perdão

Eu não estava dormindo

fingia sonhar

mas tive medo de acordar.

Renato A
Enviado por Renato A em 09/05/2024
Código do texto: T8059775
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