MEUS DIVINOS JAMBEIROS

Ah, aquele menino

Hoje de meia idade 

Saudade no peito.

No terreiro, 

Jambeiros caudalosos. 

E quando floriam 

"Tapete" rosa cobria o chão 

O cheiro exalava

Entranhava na alma

Beija-flores em festa

Embriagavam-se em néctar 

Mudando de cor 

De acordo com o ângulo. 

E quando o tempo passava

O que era flor virava fruto 

E era um insulto

Não sentir vontade de comê-lo.

Ah, menino,

Quanta saudade!

Já não tinha mais Beija-flores, 

Mas outros tipos de passarinhos

Com melodias animadas

Faziam a minha alegria

Que ao lado deles também comia

Aquela fruta abençoada. 

Hoje lembranças vagas

Nas linhas vagas do pensamento, 

Porém o que tem por dentro da velha cabeça 

Quando vem é tão forte.

O lugar ainda existe,

Porém nada é como antes 

As duas árvores gigantes

De saudades de mim morreram

Viraram cinzas,

Deram lugar a fazenda

E eu hoje ali sou forasteiro 

Mas posso andar o mundo inteiro,

No entanto, por onde eu for

Até a morte lembrarei 

Dos meus divinos jambeiros.

JOEL MARINHO