Na praça

Quase me dói na pele ver aquele homem com a cabeça grisalha e quase sem força sentado no banco todos os dias. É uma cena que me comove e me faz sentir dilacerado nos meus sentimentos mais profundos. Não sei exatamente de onde ele veio ou quem são os seus parentes, se é que ainda os têm. Os moradores dos prédios que ficam nas proximidades dizem que ele fica ali, naquela posição, há vários anos, mas não sabem com clareza quando foi que ele apareceu por lá. Os mais velhos dizem que ele é meio atrapalhado da cabeça e outros dizem que não.

O que me incomoda é ver o desgaste na pedra como se fosse a moldura do seu corpo e nada fazer! Ele fica lá todos os dias, mesmo que chova ou faça sol. Não o vejo conversando com as pessoas e me pergunto por que ainda não me dirigi a ele algumas vezes? Vou olhar nos seus olhos. Só quero saber se ele existe.

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 23/05/2024
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