Era pra ser um pedido de Natal

Há tanto tempo não escrevo uma carta com um pedido,

muitos Natais tem se passado e eu só faço olhar

para o alto e confiar naquela luz que atravessa o céu carregando

minhas esperanças, ano após ano.

Sentei-me hoje pensando que talvez esse seja um Natal diferente,

talvez esse ano eu não perca meus olhos

na escuridão da noite, ainda que iluminada por tantas luzes...

Quiçá esse ano eu consiga sorrir olhando as pequenas luzes

piscando numa árvore de Natal,

quiçá esse ano haja braços a me abraçarem demoradamente...

Quem sabe esse ano alguém note que coloquei um vestido novo,

mesmo que ninguém atravesse o meu portão... tomara que

valha a pena ficar acordada para assistir tanta comemoração...

Não, não quero sair do meu silêncio, dos momentos que separo

para conversar com Deus a sós...mas quero ter a que brindar.

Tomara esse ano eu beba a champagne em intenção

de alguma coisa boa, e não para tentar sorrir de qualquer coisa...

Que eu vista esse ano o espírito natalino que se

perdeu em algum ano que nem me lembro mais...

Nesse Natal quero me sentir criança novamente,

pra voltar a ter esperanças, pra me deitar ansiosa como há tanto tempo,

quando queria dormir depressa para encontrar no dia seguinte

sob a árvore, um pacote com um laço e meu nome

escrito com letras manuscritas bem torneadas, de quem teve o

cuidado de embalar um mimo e escrever do próprio punho a dedicatória...

Mas talvez o que eu queira não possa vir embalado,

ou talvez não chegue pelas mãos do bom velhinho,

acho que o que eu quero, não cabe num dia só...

ou é um pedido tão grande que ainda não consegui

processá-lo inteiro nem dentro de mim...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 05/12/2005
Código do texto: T81083
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