Fantoche do amor

Fantoche do amor

Escrevi tantas poesias onde falei de amor
De dores, de encontros e desencontros...
Escrevi tantas coisas que julguei serem certas
Umas me fizeram mais felizes, outras nem tanto.
Sorri e chorei ao desvendar mistérios
E ao revelar os meus segredos
Virei-me em mil, usei máscaras de todas as cores...
Naveguei sobre e sob mares de sentimentos...
Voei feito águia, rastejei feito animal peçonhento,
Implorei amor feito um cordeiro...
Falei de você como se fala de um anjo;
Falando de mim, tornei-me um demônio!
Fiz de você o meu rei, o meu santo, o meu remédio...
Fui menina ingênua, virei borboleta,
Contei as estrelas, mudei as cores do arco-íris
E na pupa por várias vezes desejei morrer...
Fui lua e fui sol!
Fui moça e senhora...
Fui mocinha e bandida em todos os sentidos!
De algoz à escrava fiel, baixei a guarda,
Chamei-lhe cantando bem alto o meu amor
Dancei danças que nunca dancei.
Vesti-me de véus, fiquei nua, vesti-me de sonhos...
Viajei pelo mundo enfrentando tempestades de chuvas e de areias
Driblei as tormentas, enfrentei monstros que nunca vi...
Chorei feito gente grande por noites inteiras
Acordando criança cheia de esperanças...
Busquei no horizonte respostas do por que você não me lia...
Revirei o mundo e o céu para entender e me decepcionei
ao encontrá-lo nos braços de outro alguém!
Escrevi lento de mais...
Senti-me um fantoche do amor,
Acabei rasgando todas as poesias que inutilmente escrevi...