UM PRESENTE

Quando fiz treze anos, ganhei de presente do meu pai querido, um relógio de pulso. Que coisa mais linda, aquele carinho dele era interminável, trazia-me balas juquinha todo dia. Disse que não tinha filha para o mundo ficar voando em cima, então, junto ao presente, que eu continuasse magrinha e feinha, também, para que não namorasse tão cedo... Meu pai me amava como alguém ama a si mesmo... Ele me era tão carinhoso e amoroso, que quando o perdi, ainda muito jovem, dezessete anos, fui tomada por uma coragem de viver e vencer a vida, como se ele emanasse energia de onde estava. Perdi o grande amor de minha vida e ganhei a fúria e a vontade de adentrar matas virgens para brilhar para ele, e causar-lhe muita honra de ser meu pai querido.

Mas, o relógio era lindo, pequeno, delicado e de pulseira preta. Não deixava ninguém encostar nele, significativo que era. Uma história de inverno, onde pai e filha saiam para passear e isto me bastava, numa adolescência longa, ingênua e repleta de livros e "missas" que mamãe mandava participar... Tenho o relógio pulsando em meu coração até hoje, tenho-o em mente e em lembrança, aquele doce momento que papai me doava estrelas, se eu pedisse...Eu era absolutamente feliz, sem saber que este troxo existia. O relógio mais valioso de toda minha coleção...

Luiza de Marillac Bessa Luna Michel

23 de janeiro de 2008

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Luiza De Marillac Bessa Luna Michel
Enviado por Luiza De Marillac Bessa Luna Michel em 23/01/2008
Código do texto: T830339
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