Lá fora a canção...




Aqui dentro...a imaginação!
O tamborilar da chuva lembra um mágico concerto onde o maestro se curva diante da canção. 
Em alguns momentos torna-se agressiva e rude como se a batuta estivesse suspensa no ar e a nada devesse obedecer.
Noutros, suave e serena lembra o cochicho do amante entre suspiros, sussurrando louvores à sua amada na concha do seu ouvido.
Enquanto a noite caminha a passos largos, em algum lugar distante o apito de um vigilante da noite manda o seu recado para o companheiro que vela as sombras da madrugada com o coração aos pulos e a alma em frenesí. 
Sinto-me no vórtice do dilúvio e até consigo imaginar os casais sendo encaminhados para dentro de uma imensa arca.
Quem irá comigo?! Questiono-me e não obtenho resposta.
Por certo não me levarão pois não mais estou em idade fértil.
 Ficarei aqui. Sucumbirei sob as águas que desaguam e me tornarei a "Guardiã do Templo das Águas".
Lá, bem lá no fundo, erguerei um altar aos espíritos responsáveis por tais evoluções e, todos os dias, queimarei incenso e mirra para que este fluido divino permaneça sempre  muito perfumado. 
Quando a calmaria chegar e os sobreviventes se banharem nestas águas macias, sentirão o perfume da brisa transportada pelos braços dos ventos elíseos, após terem viajado por todo o universo.
Como guardiã, não dormirei. Serenarei meu pensar e renovarei as energias ao acariciar suavemente as águas que se desdobrarão ininterruptamente aos meus pés.






Lindos sonhos para todos. PAZ!


Imagem do site google
http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/eut.htm