A solidão das águas...

Afoguei meus olhos nas águas plácidas que se perdiam de vista à minha frente...

Do alto daquela embarcação soltei meus secretos pensamentos, deixei que pairassem adiante de mim, por sobre aquela imensidão pacata de água...que se misturasse àquelas folhagem e árvores que me faziam perder o ar de tanta exuberância...

Seria essa sensação da orfandade? A beleza candidamente calada ali diante dos meus olhos, sentindo a inquietude do meu peito, o descompasso do meu coração apertado...as mãos vazias e os olhos imersos em incertezas...

Respirei profundamente o que não podia senão sentir entrar-me pela tez, pelas narinas, como um convite ao silêncio...à solidão consentida, por falta de escolha...

Mergulhei pelas rasas águas em busca de uma parte de mim que não encontro mais na superfície, mas depois de já ter mergulhado tão profundamente em minha essência, não vejo mais como me encontrar no raso...se nunca mais voltei à tona de mim...

Dei as costas à implacável vontade de me descobrir em folhas, em palavras compreensíveis...fechei-me em copas mais uma vez...e segui meu curso tão mais só do que sempre fui...sem mais desejos de sair da magia que guardo em meu pequeno mundo...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 11/12/2005
Código do texto: T84566
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2005. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.