UM JOVEM CHAMADO -BRASIL-

Era de uma sonolência e tanto

mesmo acordado, ficava em sua humilde cama

como se recuasse a levantar

sair fora e enfrentar a vida

viver, correr riscos, mas viver em plenitude.

Tinha sérios problemas de saúde

a educação era precária

e o trabalho, muito inconsistente

muito aquém daquilo que teimavam em dizer

Seu sono quase sempre era inquieto

tinha sonhos recorrentes onde via

um assombroso número de aves negras

bicos curvos, sevando-se em seu frágil corpo

Não eram poucas as vezes em que ouvia

falarem de suas potencialidades

de suas riquezas interiores

e das suas grandes possibilidades de crescimento.

Na verdade, algumas vezes despertava

sentindo-se um corcel bravio

com tremenda vontade de correr

e galgar os obstáculos que se ofereciam pelo caminho

Mas logo recuava, sôfrego

como se a mão invisível de um medroso cavaleiro

tomasse-lhe em duras rédeas

impedindo-lhe o desejo de formidável corrida.

Então se aquietava, impotente

aceitando como que resignado,

o curso natural de um destino pálido

que se expressava lá fora, na imagem de uma bandeira trêmula.

Estirou-se novamente na acanhada cama

cobriu-se com um lençol cheio de remendos

e no silêncio, ouviu passos que avançavam

e os reconheceu como sendo da mãe gentil

- Vamos meu filho, levanta, já é tarde

- Mas mãe, não estou com vontade alguma de levantar

- Faz um esforço meu filho, não se deixe abater, você é grande

e forte, vamos, força e coragem! Levanta Brasil!