O Fim

Meu caro que me lê, venho comunicar a você um fato que ocorreu semana passada. É meio triste, mas assim é a vida. O que eu quero dizer é que... morreu. Acabou. The end.

Eu não queria que fosse assim, claro, mas faz parte do ciclo da vida. Tudo, já dizia a professora da segunda série, nasce, cresce, em alguns reproduz-se e morre. E seguindo essa trajetória, assim foi com a gente. Do nada nascemos sem ninguém pedir, como sempre acontece. Crescemos ao longo de meses e de horas de entretenimento um com o outro. A reprodução não foi bem essa que você está imaginando, mas conotativamente falando, sim, ela aconteceu. E agora veio a última fase.

E qual foi a causa da morte? Ela. Assassina. A sangue frio, penetrou lentamente uma espada em minhas costas. Eu não pude fazer nada, estava amarrado e amordaçado. O máximo que pude fazer foi tentar me debater inutilmente. Ainda se fosse apenas isso, mas não, não foi. Isso foi o que houve ao final. Antes, ela me deixou preso, isolado, um sentimento sendo reprimido no canto mais escuro do quarto mais distante possível. Torturou-me até não poder mais, e quando chegou a hora, pegou-me pelo cabelo e penetrou a arma, lentamente, degustando o sabor da morte. A minha morte. E dela também. Mas até aí, ela não ligava pra isso. Muito pelo contrário, até queria isso, tanto é que fez o que fez.

Foi bom enquanto durou.

Mas agora você não me terá mais junto da sua pessoa. Não senhorita, eu não vou mais me arrastar diante de você, mendigando por um punhado de atenção enquanto uma esperança tola cresce dentro de mim. Até porque, a atenção que me era dada era tão falsa como uma nota de 200 reais. Foi aí que resolvi acordar e ver que o buraco era mais abaixo. E ao fazer isso, percebi que havia morrido. Percebi que você me matou.

E se por acaso me perguntarem sobre você, não se preocupe, eu não serei tão cruel a ponto de difamar o seu nome. Apenas direi: "Quem? Não, não conheço essa pessoa.". O que é uma verdade. Conhecer eu não conheço mais.

Eu conhecia.