UM-TROPEL-UM-TROPEL

Há um tropel de seres, amor-amor. Vários pensamentos pedindo para serem pensados e emoções e sentimentos pedindo para serem sentidos, um tropel de sonhos, dezenas de imagens difusas, dispersas.

Alguma memória pedindo um reacordo, várias pedindo, um-tropel-um-tropel, um lacrimejar de olhos, um cansaço, uma saudade de casa, a sensação de ausência perene, a esperança da outra parte, de recuperar o ser há muito separado, num tempo já mítico na época dos deuses antigos, que ainda pairam entre nós.

É pela porta da frente que o vento entra? Ainda há pouco havia uma certeza. O vento norte – não por causa da rima – é o vento forte. A brisa leve e triste de onde vem? Do sul, do leste?

Embora sendo jovens, a idade avançada chega cedo para alguns. Vais dizer eternamente poemas de amor, esse é teu fado, teu suplício, tua rocha e corrente e fígado devorado, tua testa reluzente bem no centro, no ponto que vês e não toca. Não é um poema infindado. Ah! nada de metalinguagem, tudo de amor. 

Os demônios querem e pedem assim como os anjos, não pense. Para que ir tão longe se toda a realidade desencantada de que precisas está bem perto? Tua lágrima pouca e úmida está bem no teu olho. E ainda pedes e ainda procuras, como anjos e como demônios, como se lá fora não fosse apenas um filme.

'"Nada temas’’. E assim poderias continuar indefinidamente, o tropel, não fosse o piedoso sono sem sonhos. É porque desejas que irás acordar.