OBRA ESQUIVA

Espirro derradeiro; ao quintal, parece escarro

Enquanto a alma sorrateira engatinha no pedrisco

Debalde, um estrondo.

Ranhuras fixadas na contracapa da mente, ocultam-se

Olvidam cegos e protuberantes sentimentos cosidos

Usou-se a cerzi-lo, a linha equatorial da paixão

(com absoluto respaldo do “então”).

À conseqüência duma obra esquiva

A face abrandada com azeite de ogiva

Na perspicácia do “não”, na autarquia do “ pois”

Contou-se com a ambigüidade do “perante” untado à lapela.

Não entediam como ali marchavam descalços

Nem poderiam jantar lições sapecadas de cal

Outras, indulgentes, cavoucariam suas valas

Na alameda recheada com a farofa da vida.

Sabiam

Os riscos assumidos eram sopas de saldos tórridos

Eram beliches de dormir seis, onde, de fato, haviam

Por mais transpassados que lhes fossem os tinos

Haveria de bastar nas descoradas nádegas, cravejante tiro de sal

(com inexorável rascunho do “até”).

Pudera!

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 06/03/2008
Reeditado em 24/04/2008
Código do texto: T890115
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