Sem título, sem razão
Hoje eu não sou mais eu, me sinto fora de mim
Quando morreu minha alma, como fiquei assim?
Talvez fossem suas mentiras, seu teatro
Será que desisto e me fecho em meu quadrado?
No porão da alma há ruídos, e objetos caídos
Onde tropeço pois nem me lembro mais
O que caiu ali, quando limpar tal caos? Jamais?
Quero um sonho que me motive, incentive.
Quero carinho que complete, que cultive.
Que me âmago não sucumba, numa tumba.
Onde a morte sonda e suga, lasciva e muda.
Quem me dera plantar flores, tantas cores.
Queria saber a culinária, e sentir todos os sabores.
Talvez me embriagando em meu sentir eu prossiga
Ou só siga, a vida que me priva, me cativa em espinhos
E nem sei mais quais caminhos meu passos seguem
Sou cega, andarilha errante, sem certezas, só rancor
Decepcionada com aqueles que juravam quase amor
E me escondo atrás de mascaras, farsas que finjo acreditar
Meu pesar, de ter noites insones de sono profundo
Pois onírico é real, meu mundo, de analgesia.
Tão vazia, calma minha, noite fria de calor infernal!
Me ame! Imploro me ame, me chame, me queira
Diga que sou sua linda, sua vida, sua sereia
Sou seu sonho bom, seu desejo de metade
E faça-me crer que é verdade, para que de ilusão
Eu agüente o real, como tal, vil e finito
O meu grito, na garganta, quase canta
A vontade de ter, oh sem face
Me abrace pois me sinto profundamente só....