Casa da Bisa

Parece que esse dia da MULHER está fazendo cambalhotas na minha alma.

Senti saudades do meu pai, da minha mãe, da minha avó, do meu irmão, da dinda, da infância, em que eu apenas pensava e sentia saudades de algo que nem sabia direito o que era, ou como era.

Hoje, sei quem são, como são, o que sentem, o que não sentem, a falta que faz alguém que já partiu, a falta que faz, alguém que não partiu, mais que se esconde da vida com medo de ser feliz, alguém que virou um $ e fez do prazer um poder desmedido, ah que saudade da casa da Bisa, onde as ingênuas mesas de pif-paf eram motivos de discórdia e resmungos.

Tudo isso tem cheiro de alfazema e consigo sentir a escuridão do corredor para o quarto da Dinda, que medo das estátuas do salão.

Esses eram meus medos, ficar sem eles.

Não tenho mais eles, eles foram sendo perdidos no tempo seja pela morte física ou pela morte psicológica , o que sei é que vivo sem meus pais, igualmente, quando era criança, cresci e vivo com as minhas crianças, cercada de crianças e como uma criança grande ainda brinco de família.

O tempo passou, e hoje, sem eles, ainda tenho medo do jogo, que me rodeia, da fortuna que distancia, da ausência de quem amo, dos gritos que ainda ecoam na minha alma, do desprezo, da armadura de meu pai e do vácuo de minha mãe.

Menina esqueci.

Filha perdi.

Mulher aprendi.

Amante sofri.

Amiga,companheira,construí.

Mãe,cresci.

Pai,dividi.

Filhos enlouqueci.

Filhos tremi.

Filhos decidi.

Amores fugi.

Saudade vivi.

Saudade da minha infância na casa da Bisa ...

Bia Oliveira
Enviado por Bia Oliveira em 08/03/2008
Código do texto: T893163
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