Será que dá pra encarar 2006?

Se essa pedra continuar no sapato francamente não; mas há quem diga que é só uma questão de decisão, ou um ato de coragem, e eu pergunto, será mesmo?

Na véspera de 2005 eu sabia exatamente o que esperar dele, como sei hoje de 2006, entretanto não estão nas minhas mãos as ferramentas adequadas para esculpir o novo ano com a maestria que ele vem desenhado na minha tela mental, ou será que sim?

Diria eu pra mim mesma o que não canso de repetir às pessoas em várias ocasiões: O meu tesouro está onde está o meu coração. Frase feita, chavão extraído da bíblia, mas quem há de me contestar? Com essa máxima martelando cá dentro de mim, eu sei o porque dos acontecimentos e o porque que só a mim compete saber. Pode parecer crazy, quando digo e repito o que eu realmente penso que acredito, como: A boca só fala do que o coração está cheio, há um torcer de narizes geral, e agora sim que o rótulo me cabe como uma luva, mas o que me importa? Que se lixem os comentários, os risinhos de canto, os cochichos e as piadinhas, alguém já conseguiu se livrar da sua pedra no sapato?

Será que além das roupas escolhidas a dedo, dos pratos à serem servidos nas duas ceias, jogamos fora os nossos entulhos? Aqueles que viemos acumulando ao longo desses anos todos, e que nos prometemos todos os finais de ano que vamos nos livrar deles? Ou será que nos acostumamos a ser hipócritas até conosco mesmo?

Eu decidi que não mais vou fingir que estou comemorando, não tenho paciência mais pra abraços de crocodilo, amigos secretos e essas baboseiras que se convencionou que temos que seguir, eu faço do meu Natal e do meu Revellion um dia como outro qualquer. E o que é ser um dia como outro qualquer? Será que eu vivo os outros dias do ano com o mesmo estado de espírito?

É difícil eu afirmar com essa segurança toda, mas certamente não visto uma máscara natalina, não mais; há coisas que só se aprende com a vivência, não é possível queimar etapas para chegar ao que penso hoje. Já engoli muito sapo, já vesti risos plásticos para encarar uma maratona de festividades que no final das contas me jogava num estado de prostração muito maior, tudo em nome do " espírito do natal" , para agradar A,B ou C.

Hoje aproveito esse tempo para me olhar um pouco mais, enquanto o mundo corre lá fora, se estressa e se enche de pompa, eu continuo fazendo as mesmas coisas, e longe de todo o aparato, longe do foco das luzes faiscantes continuo sendo o que fui o ano todo, uma pessoa cheia de alegrias e tristezas, comedida e sem ambições estratosféricas que sei não me levarem a lugar algum.

Não sou nem mais e nem menos boazinha, nem mais e nem menos cristã, nem mais e nem menos passional; mais emotiva, talvez, mas não o suficiente para cometer hipocrisias que façam arrepender-me depois que passar esse tempo em que as pessoas são natalinas demais para o meu gosto.

Estabelecer metas, traçar estratégias, rever planos e me repensar como pessoa é a maneira mais sensata de pensar em como entrar 2006, a cada ano que passa me distancio mais das convenções, e me sinto muito mais completa em mim mesma por me saber dona das minhas atitudes, dos meus pensamentos, dos meus desejos, me vejo cheia de vida e planos, tudo que só minhas mãos conseguem alcançar.

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 22/12/2005
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