MEUS CABELOS, RECORDAÇÃO DO TEMPO E DO AMOR

Evaldo da Veiga


Meus cabelos pratearam: 
muita noite, música, mulher...
Não tenho o que reclamar 
e muito para agradecer.

Vivi vida de inteiro viver...
Até a lua trazia-me recados, 
eu percebia, e foram muitos.

Cabelos grisalhos tinham de ser.
Já foram tão acarinhados, 
e em cada toque,
lmudavam um pouco da cor.

Bela ida, linda troca.
Em tudo que vivi de mais lindo,
sempre presente uma mulher.

Não fosse a mulher,
eu nem sequer teria sonhado em viver.
Vida sem gosto, ou de gosto de nada, 
não é viver.

E só a mulher consegue temperar,
dando aquele gostinho de chegar e ficar.
O gosto da mulher perpetua-se no tempo.
Parece um milagre, mas ainda lembro 
do gosto de cada mulher.

A cor dos meus cabelos é o reflexo 
fiel da vida que vivi:
a lua, os pingos do sereno 
e os beijos que os tornaram brancos,
mas não desbotados: 

Têm a cor do amor vivido,
e do amor por viver, simplesmente.
Imenso amor, amor único, 
é o lindo amor em cada estágio;
cada amor em seu tempo.

Meu coração sempre desperta,
buscando amor pra viver, sempre.
Tendo sempre presente o aviso:
sem amor inexiste vida.


evaldodaveiga@yahoo.com.br