UM VIVA À POESIA!
A me tentar, anjos, enquanto eu comigo
Pairando mais à hora do suspiro que além da precisão
Ode ao pergaminho derivado do dia
Arrisco a soletrar “oi” prestimoso.
Por mais nós que cantem hinos breves
São tenores os ardores a me invadir de alma
Estampando-me e me alimentando
Meu suor é o leme à deriva.
Passo por esta vida estreita, de pertinho
A colheita é o pecado invertido, o lado mansarrão
Há de se ter o apêndice impoluto do sorriso
Há de se embeber de verso a alva túnica.
Não sei dos vales que a vida autentica
Nem das frestas que a gente brinca e se enrubesce
Sei das feridas, das calças plissadas, das verdades mordidas
Da escada imbricada na falange visceral; sei da nau.
Já não hão em jarras tais vinhos, não hão!
Amortecido perigalho a armazenar um capricho
Amor vencido e orvalho a se apaixonar pela enxaqueca
Em quantas noites descalças me lavei? Quantas rosas ainda sussurram?
No imenso berço, plácido e inquieto; leis da atração
Carinho oculto à luz da margem esquerda dum peito
O verdadeiro e exímio leito que as lágrimas acolhem
Fervilhando e deixando cair a exorbitância ribeirinha.
Viva o poeta!