UM VIVA À POESIA!

A me tentar, anjos, enquanto eu comigo

Pairando mais à hora do suspiro que além da precisão

Ode ao pergaminho derivado do dia

Arrisco a soletrar “oi” prestimoso.

Por mais nós que cantem hinos breves

São tenores os ardores a me invadir de alma

Estampando-me e me alimentando

Meu suor é o leme à deriva.

Passo por esta vida estreita, de pertinho

A colheita é o pecado invertido, o lado mansarrão

Há de se ter o apêndice impoluto do sorriso

Há de se embeber de verso a alva túnica.

Não sei dos vales que a vida autentica

Nem das frestas que a gente brinca e se enrubesce

Sei das feridas, das calças plissadas, das verdades mordidas

Da escada imbricada na falange visceral; sei da nau.

Já não hão em jarras tais vinhos, não hão!

Amortecido perigalho a armazenar um capricho

Amor vencido e orvalho a se apaixonar pela enxaqueca

Em quantas noites descalças me lavei? Quantas rosas ainda sussurram?

No imenso berço, plácido e inquieto; leis da atração

Carinho oculto à luz da margem esquerda dum peito

O verdadeiro e exímio leito que as lágrimas acolhem

Fervilhando e deixando cair a exorbitância ribeirinha.

Viva o poeta!

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 18/03/2008
Reeditado em 23/04/2008
Código do texto: T906432
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