às vezes

às vezes, escuto o barulho dos carros, tal como ouvia quando

habitava aquela sala de futuros. cheiro os objectos mais antigos,

o momento já foi vivido, proliferam tulipas de morte.

certas vezes, quando tais vezes se deixam ir, o ruído de fundo

perpassa a memória; e o feed-back da linguagem.

então, as meias-horas embalam a magia da montanha.

e vibram cântaros molhados de terra.

às vezes, meu deus, tantas vezes, somos feridos impunemente

quando a luz não se acende

e os ódios sorriem

e a máscara

apodrece

apertando

a

mão

vazia.

são marcos (setembro de 2001)

Nuno Trinta de Sá
Enviado por Nuno Trinta de Sá em 28/12/2005
Código do texto: T91478