às vezes
às vezes, escuto o barulho dos carros, tal como ouvia quando
habitava aquela sala de futuros. cheiro os objectos mais antigos,
o momento já foi vivido, proliferam tulipas de morte.
certas vezes, quando tais vezes se deixam ir, o ruído de fundo
perpassa a memória; e o feed-back da linguagem.
então, as meias-horas embalam a magia da montanha.
e vibram cântaros molhados de terra.
às vezes, meu deus, tantas vezes, somos feridos impunemente
quando a luz não se acende
e os ódios sorriem
e a máscara
apodrece
apertando
a
mão
vazia.
são marcos (setembro de 2001)