carta aberta ao mundo
eu já tive quarto sobre o futuro e desejei dormir na rua, cheirei a lixo e vi piano branco (japonês?) na penumbra
dos amantes, na cidade, ao longe.
como posso adivinhar todas as fugas plausíveis?
daqui envio carta aberta ao mundo, registada a despacho oficial de sangue e coração. só gostava de ser mais
que respirar ou não, só gostava de correr no vento.
e sentir o som escancarado.
sei que enquanto sentir ninho, sou capaz de não ser nómada
e que há azuis e rosas e verdes e castanhos e pretos
e vermelhos e amarelos e cinzentos e prateados e laranjas
e a própria cor do medo.
vislumbro sóis e jovens iniciados na desonra, mapas
de dicas e futuros por parar. olho para o mundo e nele me (re)vejo, a arquitectar conjecturas pálidas e girassóis
por cartas e luzilumes de sonho.
são marcos (23 de junho de 2001)