diário secreto de um vagabundo

guerrilheiro da areia, o café foi de férias, os olhares trocam cinismos;

e, nessa tarde, recordei, assustado, as coincidências

da intuição:

depois da guerra da tribo, podermos usufruir do cheiro

das azedas.

somos ilha aérea em solo de barro, grãos de células, vegetais, sonhos;

eles, a sedas italianas e prazeres de leste vários,

não conseguem arrotar no passeio das viúvas, brócolos vedados a molho branco, soja e frustração.

somos tambores e hi-fi sofisticado, alquimia dos bill gates da renúncia. e: pedaços de carne, suja, viva de sangue

e vermelho, doenças, drogas variadas e maleitas no olhar (queimado das gravatas pirosas).

fugimos de polícias e de cartões e de entidades,

mas não discutimos a beleza do que se anuncia

(em partículas de viagem). há alentejos por descobrir

no vaivém dos andarilhos, terminámos a tarde a olhar dentro

e anunciámos a rua das árvores novas.

são marcos (1 de agosto de 2001)

Nuno Trinta de Sá
Enviado por Nuno Trinta de Sá em 28/12/2005
Código do texto: T91487