dá-me deus

vingámos o luto da matéria, sedentos de tudo

aspirámos o ar das vírgulas, pontos de nada

também nós sonhámos com equilíbrios loucos

devolve-me, pois, a bioquímica da ausência, subtrai-me

já dobrámos o desmame dos chutos, gozamos mel

surge finalmente fado, há um desnorte próprio do sonho

para nos redimirmos do íntimo de nós, até lodo bebíamos

deixa-me, agora, aquecer-te essas mãos, dizendo-te fim

dá-me deus.

linda-a-velha (19 de dezembro de 2001)

Nuno Trinta de Sá
Enviado por Nuno Trinta de Sá em 28/12/2005
Código do texto: T91502