dá-me deus
vingámos o luto da matéria, sedentos de tudo
aspirámos o ar das vírgulas, pontos de nada
também nós sonhámos com equilíbrios loucos
devolve-me, pois, a bioquímica da ausência, subtrai-me
já dobrámos o desmame dos chutos, gozamos mel
surge finalmente fado, há um desnorte próprio do sonho
para nos redimirmos do íntimo de nós, até lodo bebíamos
deixa-me, agora, aquecer-te essas mãos, dizendo-te fim
dá-me deus.
linda-a-velha (19 de dezembro de 2001)