cheiro
cheiro as coisas. indeléveis mas fixas. sinto o cheiro.
de fora, de perto, de longe. o cheiro da rua, das multidões regradas,
das flores desfloradas, das promessas, dos desejos. cheiro.
cheiro sobretudo a terra. vomito mel, inalo frutos. imaginação
tropical, cheiro a vida, que passa sem me sentir.
cheiro o natal, os corações bons, as hipocrisias torpes.
e cheiro a mediocridade. cheiro! cheiro! cheiro!
sem instintos, sem propósito, sem razão.
cheiro púrpura, seda, lua, lixo, trampa, podridão.
cheiro-chei-che-ch...
cheiro emoções. e agora sou camaleão, crocodilo, rei da selva!
cheiro e sou humano.
e adoro as mulheres, o sol, cerejas.
torres vedras (23 de dezembro de 1992)