cheiro

cheiro as coisas. indeléveis mas fixas. sinto o cheiro.

de fora, de perto, de longe. o cheiro da rua, das multidões regradas,

das flores desfloradas, das promessas, dos desejos. cheiro.

cheiro sobretudo a terra. vomito mel, inalo frutos. imaginação

tropical, cheiro a vida, que passa sem me sentir.

cheiro o natal, os corações bons, as hipocrisias torpes.

e cheiro a mediocridade. cheiro! cheiro! cheiro!

sem instintos, sem propósito, sem razão.

cheiro púrpura, seda, lua, lixo, trampa, podridão.

cheiro-chei-che-ch...

cheiro emoções. e agora sou camaleão, crocodilo, rei da selva!

cheiro e sou humano.

e adoro as mulheres, o sol, cerejas.

torres vedras (23 de dezembro de 1992)

Nuno Trinta de Sá
Enviado por Nuno Trinta de Sá em 29/12/2005
Código do texto: T91513