Fibra Ótica *

Um monitor e milhas e milhas e milhas de distância... O alerta de recebimento de mensagens do meu celular parece o som de uma caixinha de música, ligeira, uma doce melodia passageira, cuja última nota é o teu nome como assinatura. Meus sentimentos fervem, fazem festa: uma rave para você comandar... Olhinhos brilhantes refletem a tua fotografia desgastada de tanto ser fitada incessantemente... Dou um passo e você assalta minha mente: mãos ao alto – logo, ergo os braços e espero os teus ao meu redor, fazer força, tirar meus pés do chão tão facilmente e me girar, felizes, os outros riem, torcem os narizes, soltam piadinhas, morrem de inveja, aplaudem por dentro – ampulheta partida ao meio. Escrevo num torpedo milhões e milhões e milhões formas de dizer te amo, mesmo sem ainda amar. Ando pro mar, vou aprumar as vistas, as incertezas, as crenças, os conceitos, o que eu não sei direito, e a esperança: meus olhos avistam um belo horizonte – uma ilha muito distante de tudo, menos longe de nós dois... (meus olhos sabem mesmo o que querem). Com eles, posso te beijar, acariciar, niná-lo num sono sem fim, sem mim, por perto... Meus olhos sabem que eles não te alcançam, mas mesmo assim eles tentam te tocar... O que eu queria era escrever uma história, um texto em prosa, mas acho que não adiantaria... Tudo o que eu quero dizer pra você, só consigo dizer em forma de poesia.

* “A fibra ótica é um cabo feito de vidro ou de plástico, tão liso e puro que, se você olhar através de uma parede dessa fibra de mais de cem quilômetros, conseguirá enxergar uma vela acesa do outro lado”.

(GATES, Bill. A Estrada do Futuro. São Paulo: Companhia das Letras, 1995).