Que por baixo da superfície das coisas, haja vida.
Que por baixo da superfície das coisas, haja vida.
Que acima de nós: perigo! (pois uma vida plana apenas engana, transcorre e não se sustenta).
Que no fundo haja substância, clemência, insolência. Que sejamos capazes de dar um passo a mais.
E que no fim da rua, posto que não acredito mais em estradas, não se encontre um fundo cego.
Que nas reentrâncias se acomode aquilo que irá ficar.
Que a escova lave, com seu sabão iodado, o que pelo ralo vai.
Que nas entranhas a bruxa leia, sem mais, futuro e paz. Se forem as minhas, que eu nunca saiba da notícia o mote.
Que nas veias escorra o doce mel da veracidade, a angústia dos hipertérmicos, a solenidade das bulhas.
E que os ossos perdurem misturados à terra, sem traslados e exumações inoportunas, para tornar-se folha, leite e mó.
Que nos desvarios da noite haja um silêncio em pó.
Que no frigir da carne haja grandeza e dó.
Que ao derreter-se a bomba, reste seiva e dor, mas nunca haja alguém só.
Que se descubra um eu que simplesmente responda e vá.