Conspirações do silêncio

O silêncio cria faces, elas estão sempre tristes, como se conspirassem os gritos de apelo da vida que talvez implorasse uma segunda chance, um retroceder das horas que a história registra amargamente. Mas a vida não é como um livro que pra voltar ás cenas basta voltar às páginas. E embora as mentiras retalhem as estradas e o caminho pareça não existir, as evidencias reverberam a vida, por que a vida esquece, mas nunca apaga.

E o som ganha território, ocupa as lacunas sujas de sangue, mas o som repleto de medo tem verdades as quais o mundo não suporta e assim muitos sentenciam o seu fim. Antes do instante final já não acredita na própria imagem, é ignorado por aqueles que discursam responsabilidade, o amor e seus adornos, mas não são capazes de refrear seus próprios impulsos, atos que explicação nenhuma tem fundamento.

O som, envolto no silêncio, caí de alturas impossíveis, abandonado as cenas...

Assassinar o som não faz sentido.

E o que fazem com a vida? Um livro de páginas roubadas e futuros interrompidos pelas maneiras mais trágicas.

Jane Krist

Recife, 09 de Abril de 1987.

Marisa Monte – Gentileza

Apagaram tudo

Pintaram tudo de cinza

A palavra no muro

Ficou coberta de tinta.

(...)

Apagaram tudo

Pintaram tudo de cinza

Só ficou no muro

Tristeza e tinta fresca

(...)