Eu queria dizer que não te quero mais
Que na verdade nunca quis
Que tudo foi uma grande brincadeira, um testar meus próprios limites...
Eu queria dizer que me empolguei e fui levando,
Mas que era só isso...
Nunca passou disso...
Aliás eu estou tentando dizer nas duas últimas semanas!
Vou caminhar e repito: nada a ver, foi só um rolinho
Estou no banho e "cantarolo" "Eu heim, nem pensar..."
Ligo o computador e escrevo mil vezes em páginas brancas: chega, nada a ver...
Eu quero mesmo acreditar que o teu jeito não me interessa
Que a tua "frieza" me afasta, que a tua voz não me atrai
Que não pego fogo qdo tocas em mim
Que nunca senti nem sinto uma saudade louca... Saudade??? Que é isso???
Que nunca temos assunto, por isso não conversamos nada
Ah, que luta eu tenho travado!!!!

E a tua voz me assalta, o teu sorriso insinuado numa fotografia me atiça
As lembranças de coisas engraçadas me tomam os minutos
Os cenários arrasadores pelos quais caminhamos ficam sempre mais arrasadores...
As coisas simples todas que experimentamos
Esse ciúme ridículo que me apareceu, eu que nunca soube o que era isso...
Ah, que luta eu tenho travado!!!!!
Uma luta contra mim mesma, com toda certeza
Me vejo cheia de medos, eu que nunca os tive...

E num exercício de masoquismo sei lá, em plena duas da madrugada, fico lendo Neruda, lendo Drumond, lendo Florbella...
e eles todos me gritam: "mulher acorda, seja amor, seja paixão, seja o que for, interessa é que é, é que existe... e só os tolos jogam fora um amor, uma paixão por medo, justamente aquele medo que criticas tanto, que combates tanto..."
Puxa, e foi Neruda, foi Drumond, foi Florbella, que jogaram isso na minha cara!
Um trio da pesada, para ser ignorado...
E a tua voz, o teu sorriso insinuado, me vigiando na madrugada...
Então cheguei a discar quase todos os teus números, eu precisava dessa tua voz...
Mas Neruda veio em meu socorro:
"Chegaste à minha vida com o que trazias, e feita de luz e pão e sombra, eu te esperava, e é assim que preciso de ti, assim que te amo..."
É isso, "chegaste à minha vida com o que trazias... e é assim que preciso de ti"