"Zé Ruela"

Zé Ruela,

Quanta exuberância tem me mostrado! Surpresa estou diante de tamanha “cativa”. Estarrecida, eu diria! Por que demoras tanto para vir ao meu encontro, ordinário? Acaso estás esperando um outro chegar? Tranqüilize-se, não será esta a razão que impedirá o seu comparecimento. De certo que estou receosa, pois entre meus dias e noites coisas um tanto quanto estranhas andam acontecendo.

Não preconize meu talento. Não duvide nunca do meu desempenho. A dúvida não me incita – e nem desafia. Ao contrário, faz-me atrofiar e definhar. Amoleço e depois esmoreço. Enfim, eu “broxo”!

Fizemos na escola da safadeza as mais sagazes brincadeiras. Enfrentamos tormentas e sempre – juntos – buscamos o prazer. Coisas ilícitas nos atraíam. A ilegalidade era a nossa parceira. Mas ressalto: – para que bem nos leiam – nossas travessuras ilegais advinham de um instinto humano, e este só se revela diante do universo das palavras, pois em “fato”, não teríamos coragem de assim agir. Mas então vamos lá, que o papel nossa cama será!

* Dando margem ao que há de mais satírico em mim, provoco reações quase sempre inesperadas. Não sei se sou bem compreendida –mas isso não é problema meu – ou se me ignoram por completo (talvez esta seja a opção mais coerente). O fato é que quando crio faço das palavras a minha semelhança.

(Não encontrei uma definição certa para este texto... isso acontece!)