MEU OCEANO
Assenti magnífico verbo como cantei na chuva
Coligi hipócritas sandices crônicas, pouco cômicas
Reparei que marulhavam gotas a descer pela pia
E que causavam febre ao meu coração.
Trouxe à vida, maneira de me sentir mais próprio
Cordial e irresoluto como o atobá de patas azuis
Cujo tom moveu-me a anuir o estrondo desta picardia
E o barco, tombando a boreste, esquivou-se do sopro.
À providência foi minha ébia de existir
Não havia faróis ou estavam desligados
Cegaram-me vozes rotundas e desordenadas
Parecia escarlatina quando avermelhou meu boletim.
Bati no recife como quem desembarca em Portugal
Pobres letras da minha prosa!
Retumbam, assépticas, tal fóssil no Kalahari
Trazendo-me cá, enquanto cerra as rótulas meu oceano.