MEU OCEANO

Assenti magnífico verbo como cantei na chuva

Coligi hipócritas sandices crônicas, pouco cômicas

Reparei que marulhavam gotas a descer pela pia

E que causavam febre ao meu coração.

Trouxe à vida, maneira de me sentir mais próprio

Cordial e irresoluto como o atobá de patas azuis

Cujo tom moveu-me a anuir o estrondo desta picardia

E o barco, tombando a boreste, esquivou-se do sopro.

À providência foi minha ébia de existir

Não havia faróis ou estavam desligados

Cegaram-me vozes rotundas e desordenadas

Parecia escarlatina quando avermelhou meu boletim.

Bati no recife como quem desembarca em Portugal

Pobres letras da minha prosa!

Retumbam, assépticas, tal fóssil no Kalahari

Trazendo-me cá, enquanto cerra as rótulas meu oceano.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 12/04/2008
Reeditado em 23/04/2008
Código do texto: T942218
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.