NO ABISMO DAS ENTRELINHAS

Ah, passos malditos!

Sapateiam alicates em minha alma fatigada

Neste outono de esmeralda, neste inverno na calçada

Que me hão nos galhos, que me regem por primeiro

Nem que fosse pleno Janeiro, ledas e gentis coxas.

Ouso entediar-me

Por tolas rochas semi-plantadas, ausentes

Alínea da inconstitucionalidade, azedume

Lanço ao fundo, pseudofruto abundante

Uma só réstia de amor no torpor do alcatra.

Não há nada, não há quase tudo embaixo da escada!

É no capacho gingado de rubro pezinho que descansa a ave

Outro dia, ali no cio, mugiam as galhofeiras

Sob inquisitório e zafimeiro céu, à letra mascada

Intumescendo páginas de tijolos, dentes de bugalhos.

Letras!

Pobres letras do horizonte rejeitado

Fossem abelhas a produzir o véu, fossem colméias a adjudicar por mim

Contudo, faz-se tarde a noite no tempo [sapos resmungam]

E riem – outrora, liam – de mim, do inteiro e de todo o servo.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 14/04/2008
Reeditado em 23/04/2008
Código do texto: T944674
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