Fotografia.

Estive olhando aquela sua foto. Aquela. Já havia esquecido o quanto você era linda. Ainda deve ser, não sei. Não sei o que o tempo pode fazer conosco. Eu mal me reconheço no espelho hoje, sou apenas o resto do pouco que sobrou do tempo em que você era sua. E eu sempre fui seu.

Deu vontade de rasgar a foto. Deu. Mas deu pena de mim tentando remontar os pedaços de teu rosto estático, aquele sorriso morto dizendo que sim. Odeio fotografias. Odeio lembranças. Odeio lembrar que você sorria daquele modo infantil, deixava o rosto pender um pouco para a esquerda, como se tivesse paralisia. Linda paralisia. Não rasguei a foto. E inevitavelmente acabei lembrando do dia da foto, onde você sorria e parecia que seríamos felizes para sempre. Onde ganhei o relógio. Tudo são lembranças hoje.

Gustavo Alvaro
Enviado por Gustavo Alvaro em 14/04/2008
Reeditado em 26/06/2008
Código do texto: T945893
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.