Caminho de volta

Se não deu para nós, saio de fininho, tateando no escuro o caminho que passei enquanto ainda era dia. O caminho de volta sempre parece mais longo, sem atalhos que amenizem essa saída forçada de mim. Mesmo parado, ninguém permanece no mesmo lugar. Você ainda me puxou e disse: "não vai" porque gostava da brincadeira. Mas eu não queria mais brincar e te disse não, surpreendida na minha boca.

Queria te tocar, me desabar e te socorrer; mas se não deu pra nós, então saio de fininho, arranhando a pele em arame farpado para não te sentir; torcendo o pé em raiz contorcida de árvore para não te seguir; já tomando meu caminho de volta, estabanada, sábia fingida, machucando-me agora, para que não doa ainda mais amanhã.